segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES



BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL,
Porto Alegre, Domingo, 16 de Outubro de 2011.


O professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral - que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo

O ano é 2030 d.C. - ou seja, daqui a dezenove anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

- Vovô, por que o mundo está acabando? A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:

- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.

- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.

- Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?

- Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.

- E como foi que eles desapareceram, vovô?

- Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer "eu estou pagando e você tem que me ensinar", ou "para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você" ou ainda "meu pai me dá mais de mesada do que você ganha". Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo "gerenciar a relação com o aluno".

O professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral - que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. "Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular", diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de ideias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.

Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas "bem sucedidas" eram políticos, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão com pouca contribuição real para a sociedade. (Autor desconhecido.)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Que tal fazer um Mestrado em.... Matemática

          Estão abertas as inscrições para a segunda turma do Profmat - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional até o dia 26/10/2011
          Trata-se de um projeto inovador no qual a Sociedade Brasileira de Matemática e a comunidade universitária da área se empenham em dar uma contribuição efetiva para a melhoria do ensino de Matemática nas escolas do nosso país. Curso de pós-graduação stricto sensu para aprimoramento da formação profissional de professores da educação básica. É um  programa semipresencial, com bolsas CAPES para professores em exercício na rede pública.
          Estou na primeira turma, minhas aulas ocorrem no Polo da FURG/RS em Rio Grande, aqui no estado temos também o Polo na UFSM - Santa Maria.
          Venha fazer parte desta "turma" que procura melhorar a qualidade da Matemática na Escola Básica, principalmente na Rede Pública.
          Acesse o site do PROFMAT e faça a sua a inscrição.
          Como era esperado, o Profmat trouxe muitas inquietações entre nós alunos, daí, o Prof. Elon Lages Lima, apresentou a seguinte definição:
          "O PROFMAT é um curso de pós-graduação, mais exatamente um Mestrado Profissional  em Matemática, destinado a professores do Ensino Básico. Ele é aprovado e financiado pela Capes, que concede bolsas a todos os seus alunos que atuem como professores em escolas públicas. O ingresso em sua primeira turma foi restrito a professores das escolas públicas, porém a partir do próximo ano será permitido que até 20% de seus alunos trabalhem em escolas privadas (sem direito a bolsa). É importante que todos os alunos-professores tenham em mente alguns pontos fundamentais, como:
1. O PROFMAT não é um programa de apoio e sim um curso de Mestrado cujo diploma dará ao portador todos os direitos  previstos nas normas do MEC. Seus diplomados devem justificar o privilégio de ostentarem um título superior ao de Licenciatura.
2. O objetivo do PROFMAT é assegurar que seus egressos sejam profissionais competentes, bem familiarizados com os assuntos que compõem o currículo de Matemática de todo o Ensino Básico (Fundamental e Médio). Para tal, suas disciplinas  abordam tais assuntos sob um ponto de vista elementar (isto é, sem apelo a teorias fora do alcance normal dos alunos das escolas), porém sempre lembrando que o professor precisa saber muito bem aquilo que ensina, e até um pouco mais do que isso.
3. Ao conceber o projeto que resultou no PROFMAT, seus idealizadores levaram em conta os três axiomas característicos do bom professor de Matemática:
                       a) Ter grande entusiasmo e devoção á Matemática;
                       b) Conhecer bem aquilo que ensina;
                       c) Ter vontade de ensinar.
          É preciso entender que esses são os axiomas iniciais. Deles devem derivar os teoremas e corolários que são as regras de trabalho. Por exemplo, um fato extremamente importante resultante do axioma c), é que o professor deve tratar o aluno com respeito e consideração, procurar por-se em seu lugar para entender suas dificuldades, ao mesmo tempo que exija dele sua cota de esforço, trabalho e dedicação. 
          Também é indispensável perceber que nada que diga respeito ao item c) pode ser feito se b) não for satisfeito. Daí a grande ênfase do PROFMAT nos temas abordados em seus cursos atuais.
          Esperamos, com estas palavras, explicar um pouco daquilo que temos em mente ao nos dedicarmos a esse trabalho."